Até parece arte do Saci. Quando Monteiro Lobato organizou suas Obras Completas, deixou de fora algumas histórias curtas, publicadas simultaneamente no Brasil e na Argentina, em 1947. Elas faziam parte de uma coleção de livros-brinquedo e, apesar do sucesso que os títulos alcançaram na época, acabaram esquecidas. Agora, duas dessas narrativas ganharam nova edição. Depois de lançar o livro No tempo de Nero, o selo Globinho apresenta A contagem dos sacis, uma aventura que mostra o início da amizade de Pedrinho com o mais famoso personagem do nosso folclore. Na história, um evento importante para a sacizada está prestes a acontecer: a Grande Festa da Contagem. Uma vez por ano, os danadinhos se reúnem e o chefe do bando conta um por um, para ver se não está faltando ninguém. Pedrinho, que ainda mantém o Saci prisioneiro, concorda em deixá-lo participar do encontro desde que ele volte para garrafa quando tudo terminar. Escondido no alto de uma árvore, o garoto observa a festa como quem assiste a um grande espetáculo, fascinado com a energia daquela turma e com a criatividade de suas “brincadeiras”. Assim, mais uma vez, Lobato fala das tradições populares brasileiras com charme e graça, em um texto que ultrapassa as barreiras do tempo. As ilustrações do livro ficaram a cargo do artista plástico Gonzalo Cárcamo, que criou uma combinação perfeita de humor e mistério com suas aquarelas marcantes.
